segunda-feira, 18 de outubro de 2010

#10. MACHETE


"Machete" (EUA, 2010)
Realização: Robert Rodriguez e Ethan Maniquis
Argumento: Robert Rodriguez e Álvaro Rodriguez
Fotografia: Jimmy Lindsey
Actores: Danny Trejo ("Machete Cortez"), Robert De Niro ("Senator John McLaughlin"), Jessica Alba ("Yvetta Sartana"), Steven Seagal ("Torrez"), Michelle Rodriguez ("Luz"), Jeff Fahey ("Michael Booth"), Cheech Marin ("Padre Cortez"), Don Johnson ("Von Jackson"), Lindsay Lohan ("April Booth"), Daryl Sabara ("Julio"), Gilbert Trejo ("Jorge"), Tom Savini ("Osiris Amanpour).

# A história deste filme começou num trailer. Tarantino e Rodriguez juntaram-se para homenagear o cinema série B e criaram "Grindhouse" (em 2007), que consistia numa sessão dupla com dois filmes : "Planet Terror" de Rodriguez, e "Death Proof" de Tarantino. Pelo meio criaram falsos trailers para apimentar a sessão. "Machete" era um deles. A recepção do público foi tão boa, e houve tanta vontade de explorar mais este personagem que Rodriguez decidiu torná-lo em longa-metragem. E deu-se ao luxo de utilizar todas as cenas que faziam parte do trailer. 

Rodriguez vai ainda mais longe nesta sua nova homenagem à série B com muito sangue, nudez e violência e coloca este filme num patamar de culto, sem dúvida.


Machete é um "federale" (agente federal mexicano) que é traído pelo seus companheiros e entregue às mãos do traficante Torrez. Este assassina-lhe a família e deixa-o às portas da morte. Machete sobrevive.
Alguns anos depois no Texas, o actual Senador McLaughlin aperta as leis contra a imigração e está decidido a construir uma barreira eléctrica na fronteira com o México. O problema é que as intenções de voto baixam com medidas tão drásticas. O assessor do senador, Michael Booth (um traficante de drogas e armas, súbdito de Torrez), planeia o assassinato do político por um mexicano, para assim conquistar os eleitores. Por ironia do destino, o escolhido é Machete, que se encontra por esta altura a vaguear pelo Texas à procura de emprego. Uma série de acontecimentos levam a que Machete seja enganado mais uma vez e perseguido pelas autoridades e pelos mafiosos. Apenas conta com a preciosa ajuda da agente Sartana e de uma rede underground de apoio aos imigrantes, liderada por Luz.


O argumento é simples e muito básico, mas a escolha de um casting adequado faz toda a diferença e dá ao filme o sumo que precisa. A personagem principal é um must. Machete não usa armas, só facas e especialmente o seu "Machete" (daí o nome).

Danny Trejo tem o físico ideal e não precisa de actuar muito, pois estamos numa série B, onde os próprios actores não se preocupam com parecerem demasiado óbvios ou clichés. Mas é sem dúvida o papel da sua vida, tanto em termos de relevo, como da imortalização adjacente.
Robert De Niro é o "Senador", com muitas pinceladas de George W.Bush, o texano com a carabina, pronto a tudo para chegar ao poder. Jessica Alba muito bem no papel da "Agente Sartana", um misto de inocente e justiceira, que combina na perfeição. A outra forte personagem feminina é Michelle Rodriguez, no papel de "Luz (aka She)", líder da rede underground. É para mim a mais forte presença do filme (a seguir ao protagonista claro) e a que mais me surpreende pela positiva.


E depois há Steven Seagal a fazer do mau da fita "Torrez". Algo pouco comum, mas que lhe assenta na perfeição neste contexto. Bem coadjuvado por Jeff Fahey, num impiedoso e metódico "Michael Booth". No papel de lider da milícia fronteiriça anti-imigração "Von Jackson" temos Don Johnson, com sotaque do Texas, sempre de óculos escuros e armado até aos dentes. Um saudoso regresso, com Rodriguez a acertar na mouche na escolha do actor. Cheech Marin (uma figura habitual nos filmes do realizador) é o "Padre Cortez", um ex-federale, irmão de "Machete", que largou as armas para se dedicar à religião. São suas algumas das falas mais icónicas do filme. Ainda temos uma curta mas muito curiosa aparição de Lindsay Lohan, no papel de "April Booth". É o melhor desempenho que vi de Lohan na sua carreira. Parece que encontrou aqui a sua praia.

É isso que fica, uma excelente escolha de casting permite que um guião simples e com um "plot" igual a tantos outros, faça com que os personagens sejam o ponto central do filme, e criando aqui uma obra que sem dúvida vai ser falada (pelo menos no meio mais underground) durante muitos anos.
O estilo de realização (e a própria fotografia) também é uma homenagem à série B (tal como em Planet Terror), com muitos zooms tortos, desfoques e rasgos na película, que ajudam a formar a ambiência exacta num filme deste gênero. O que antes foi considerado erro, agora é explorado e aproveitado de forma estética para tornar a experiência ainda mais interessante.


Para mim (que sempre fui fã deste gênero), Rodriguez acertou mais uma vez no alvo, e acredito sinceramente que se deveria dedicar exclusivamente a este tipo de histórias (ele que se aventura muito nos filmes juvenis também, o que é sem dúvida curioso).

"Machete" é do melhor "gore" que se tem feito, e vai ganhar sem dúvida um lugar especial na mente de muitos cinéfilos mais arrojados. É um exemplo de como com uma estética bem definida, e um elenco bem escolhido, se pode criar um filme com base nas personagens, deixando a história para segundo plano. Isto também é cinema!



Muito bom para uma sessão dupla diurna ou nocturna.
E já agora espreitem o site oficial do filme que vale a pena : http://www.vivamachete.com/
Nota: 8 / 10


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